sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Há memórias que se tecem sobre o caminho feito.

   
     As caminhadas já tiveram melhor dias. Após algumas mortes mediáticas, sobretudo durante a prática desportiva e devido a problemas cardiovasculares, iniciou-se uma verdadeira caça à caminhada coletiva. Sim, porque parece que só em bando é que aquilo ia avante. Ora, como tudo o que não parte de um propósito intrínseco, essa febre tem vindo a diminuir drasticamente. Tudo isto para dizer que a ideia de um novo espaço de escrita aconteceu em plena caminhada.
     Caminhar é uma das melhores metáforas da vida. Nascemos sem a capacidade de tal e, à medida que o corpo envelhece, a mesma se desvanece. Entre ambos os estádios, propicia-se todo um processo de aprendizagem.



     
     Entre os passos há memórias que se tecem sobre o caminho feito.


Meteu os pés aos carreiros que guardam os seus passos de criança. Quase todos sofreram a erosão do tempo, alguns viram mesmo as suas marcas apagadas para sempre, exceto nas memórias da infância. Permanece absorto em uma nostalgia, até sentir os ouriços caídos entre as ervas abrirem-se, sob as solas dos sapatos. Debruça-se sobre as castanhas, a maioria precoces, e cai no movimento dos raios em torno do início da adolescência. O outono das tardes de sábado sobre a bicicleta, e os sacos abarrotados delas, as castanhas. As asas suportavam-lhe toda e qualquer aventura.

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